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Esse mês vamos falar um pouco sobre uma queixa muito frequente no consultório de dermatologia…queda de cabelo! O que muitas pessoas não sabem é que o dermatologista é o profissional adequado para tratar as doenças do couro cabeludo, das hastes capilares (fios) e queda de cabelo. Para um adequado tratamento o diagnóstico é um passo fundamental. O que frequentemente vemos é a queda de cabelo tratada de forma genérica, com algumas vitaminas ou tônicos, negligenciando o tratamento específico. Assim perde-se a oportunidade, o time, de se tratar a causa e alcançar bons resultados!
Mas devemos lembrar que além das causas específicas de queda de cabelo, como a calvície, temos interferências de doenças que acometem a haste (o fio) e o próprio couro cabeludo que também causam queda… podemos conversar depois!
A diferenciação dos tipos de alopecia (queda de cabelo) depende de uma boa consulta com seu dermatologista. Dados como gestação, doenças prévias aguda ou crônicas, uso de medicamentos, hábitos de vida e histórico familiar são fundamentais para construção do diagnostico. A definição se estamos diante de uma doença genética faz toda diferença no plano de tratamento.
Só para vocês entenderem, existem dois grandes grupos de alopecias – cicatriciais e não cicatriciais. As cicatriciais, como nome já diz o nome, geram uma perda definitiva do cabelo por “fibrosar”, deixar uma cicatriz no local em que havia um folículo. Assim, diagnostico precoce é fundamental. Aqui temos como exemplo o lúpus. No grupo das não cicatriciais temos as causas mais comuns, a alopecia androgenética e o eflúvio telógeno. Vamos falar sobre elas!
É a causa mais comum das alopecias nos dois sexos. Nessa condição temos uma alteração do ciclo do cabelo, que leva a uma miniaturização folicular, resultando num cabelo fino, curto, menos pigmentado. Após anos de doenças esse fio finalmente cai e não nasce outro no local. A causa e hormônio dependente mais fatores genético e ambiental estão presentes.
A manifestação clínica típica entre homens e mulheres é diferente. No homem, geralmente temos as “entradas” e perda no topo da cabeça (vértice). Os fios afinam e ficam curtos. Já nas mulheres temos, uma perda difusa no alto da cabeça, com fios finos e longos por anos, sem alteração da linha de implantação do cabelo. Com a evolução, o couro cabeludo vai ficando cada vez mais aparente, os fios vão ficando mais curtos até finalmente cair e não nascerem mais. Na mulher o aspecto é que o cabelo vai ficando “ralo” no alto da cabeça ou o rabo de cavalo vai ficando com pouco cabelo. Assim pode-se demorar muitos anos pra se ter o diagnostico certo, atrasando o tratamento.
Temos uma queda difusa dos pelos e cabelos por alteração do ciclo capilar secundário a alguma alteração em vitaminas, hormônios, estoques de nutrientes ou stress no organismo.
Gosto sempre de explicar o ciclo capilar para que se entenda o que acontece! O ciclo capilar resumidamente passa por 3 momentos: (1) anágeno – crescimento do fio, (2) catágeno – parada do crescimento, (3) telógeno – queda do cabelo.
Esse nome estranho – eflúvio telógeno – vem da fase do ciclo capilar. Ou seja, muitos fios (por algum motivo) entram numa fase de parada de crescimento e 3-4 meses depois, caem. Quer dizer, o fio que cai já está programado pra cair ha alguns meses. E geralmente o fator que desencadeou pode não estar mais presente (pode ter sido uma infecção, cirurgia) ou pode ainda ser uma condição do organismo (alteração hormônios, estoques de nutrientes). O fato é que o cabelo já estava determinado para queda. O tratamento mudará essa condição daí pra frente.
Clinicamente temos: uma queda excessiva de cabelo, ocasional dor em couro cabeludo. Pode ter uma duração maior de 6 meses, quando chamamos de eflúvio telógeno crônico.
Muitas vezes temos essas duas condições sobrepostas, dificultando o diagnóstico e tratamento.
A história clínica associada ao exame físico é fundamental. O seu dermatologista irá realizar a dermatoscopia como parte da consulta e por vezes é necessário realização de tricograma. Exames laboratoriais e biopsia podem ser necessários.
Depois de tudo isso explicado, fica muito fácil entender que cada causa tem um tratamento específico. Não existe pílula nem shampoo milagroso.
As vezes medicamentos tópicos e orais são suficientes, mas em alguns quadros associar procedimentos é fundamental na recuperação.
Na alopecia androgenética, o uso de medicamentos anti-androgenico é a base do tratamento. Soluções de aplicação capilar e shampoos também auxiliam.
No eflúvio, temos que tratar especificamente a causa ou ofertar nutrientes para que o organismo se recupere do stress e produza novos fios. Também podem ser usados tópicos como soluções capilares e shampoos.
Os procedimentos capilares podem ser: mesoterapia , laserterapia, ledterapia e MMP ( microinfusão de medicamentos na pele).
O MMP vem como uma técnica promissora pois consegue entregar ao couro cabeludo os medicamentos indicados numa profundidade programada. Além disso, o dano mecânico da penetração das agulhas já é parte do tratamento.
Cada causa de queda de cabelo tem um protocolo específico, com medicamentos diferentes e número de sessões variáveis. A associação com LED pré ou pós sessão e LED em bonés para uso domiciliar tem sido realizada, com melhores respostas.
A alopecia androgenética é uma condição genética, devendo ser tratada para o resto da vida. De modo geral é mais tolerada pelos homens, mas nas mulheres traz grande impacto emocional e social. O acesso ao profissional adequado com tratamento precoce traz bons resultados! Tanto homens quanto mulheres tem buscado cada vez mais.
O eflúvio telógeno é uma condição transitória, mas também causa grande impacto pela grande quantidade de fios perdidos, levando o paciente por vezes ao desespero.
Nas duas condições o tratamento pode ter excelentes resultados, mas não é no tempo que o paciente espera! Por isso é tão importante entender qual doença está se tratando. A adesão ao tratamento, por vezes longo, determina e muito o sucesso. O paciente precisa de motivação para se aguardar o resultado no tempo certo, deixar os mitos de lado e o principal – ter uma expectativa real de resultados.